Segundo o médico neurologista Dr. George Teixeira, antigamente era 1 criança a cada 55 com autismo e hoje essa estatística já subiu para 1 a cada 44 crianças
SAÚDE: Classificação Internacional de Doenças (CID) altera diagnósticos na infância e permite assistência individualizada aos pacientes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Anunciada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a mudança começou a valer a partir deste 1º de janeiro, e deve amenizar os desafios de mães e pais de crianças autistas. Acompanhe a entrevista especial com o médico neurologista pediátrico, pediatra da Santa Casa de São Paulo e professor universitário, Dr. George Teixeira. Ele explicou a dificuldade do diagnóstico precoce e as características, sintomas e desafios relacionados ao TEA, condição de aproximadamente 2 milhões de pessoas no Brasil.
Segundo o especialista, o Transtorno do Espectro Autista não é mais chamado de doença e sim de deficiência. “Quando a gente fala de espectro, a palavra espectro a gente pode traduzir como sombra ou faixa. Então é um transtorno que tem uma variação enorme de causas e de apresentações. Não tem como falar que tem uma receita mágica para você encontrar e dizer se a pessoa está ou não no espectro autista. O que é importante do autismo é falar sobre a CID que é um outro assunto que não trata só do autismo, trata de outros diagnósticos. Quando você encontra alguma criança que está com algum transtorno, primeiro tem que ser um transtorno, tem que ter alguma dificuldade ou dar algum prejuízo para você pensar em autismo”, enfatizou.
Dr. George Teixeira explicou que há muitas hipóteses para as crianças nascerem com Transtorno do Espectro Autista, mas que cerca de 70 a 90% dos estudos apontam para uma causa genética, mas que o meio ambiente acaba sendo primordial. “Os fatores gestacionais são muito importantes nas causas de autismo hoje em dia. As condições da gestação e não só a idade da mãe, mas a do pai também. Nessa interação com o meio ambiente falam muito sobre transgênicos e da alimentação cheia de agrotóxicos. Uso de medicações, por exemplo. Mãe que teve diabetes gestacional, prematuridade, mas gestações perfeitas e sem nenhuma coisa percebida podem gerar crianças que vão apresentar esse espectro”, destacou.
O médico disse que os casos mais graves são mais fáceis de diagnosticar e o que está aumentando hoje em dia é o diagnóstico de casos mais leves que eram despercebidos. “Pulou de 1 a cada 55 crianças na estatística americana para atualmente 1 a cada 44 que está dentro do espectro autista. Estima-se que nos próximos anos isso deve aumentar bastante, pela fineza do diagnóstico de você perceber que são pessoas autistas né”, comentou.
O médico neurologista afirmou que não tem uma estatística correta em relação ao TEA em meninos e meninas. “O autismo nas meninas é mais discreto então ele passa mais despercebido. Tem muitos diagnósticos não realizados nas mulheres, algumas teorias são de que como as mulheres têm uma parte de socialização, ela tem recursos genéticos que já vem dentro do sexo feminino de conseguir mascarar sintomas autistas ao longo da vida. Socialmente e culturalmente também as mulheres já são programadas para serem mais quietas e discretas e os homens sempre são mais expostos e expansivos, por isso se percebe mais rápido”, explicou.
Além de ressaltar como procurar diagnóstico precoce e ver sinais do TEA em crianças, o médico apontou sinais que podem ser de autismo em bebês. “Quanto mais cedo receber o diagnóstico e começar o tratamento, melhor é”, disse.
Quer saber mais sobre esses sinais e como procurar diagnóstico e tratamento? Acompanhe a entrevista completa.