Segundo a consultora em Educação, as aulas já deveriam ter voltado, pois as perdas já são significativas e alguns estudos mostram que vão demorar anos para que esses alunos sejam recuperados.
Sem protocolo de distanciamento, escolas estaduais de São Paulo recebem 100% dos alunos sob recomendação do Governo do Estado, que aponta também através do secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, que os estudantes só poderão deixar de frequentar as escolas mediante apresentação de justificativa médica ou se estivem enquadrados no grupo de risco (gestantes, puérperas e pessoas com comorbidades). A medida passou a valer ontem (03/11), mesma data em que profissionais da Educação, incluso o Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo (Afuse) de Mogi das Cruzes, aderiram a uma paralisação em confronto com a decisão do Governo. “Medida desnecessária, descabida e perigosa”, segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Acompanhe a entrevista especial com a consultora em Educação, Rosania Morales Morroni, que analisou esse momento da volta às aulas.
Rosania Morales Morroni comentou as declarações do secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares, que enfatizou a necessidade de retorno às aulas presenciais em 100% das escolas da rede estadual. Ela afirmou que a única concordância que ela tem com o secretário Rossieli é a necessidade de retornar às aulas, pois as perdas já são significativas e alguns estudos mostram que vão demorar anos para que esses alunos sejam recuperados. “Mas tenho algumas observações, essa coisa de vamos manter a máscara, entra em uma sala do ensino médio, esquece. O professor não está dando conta de fazer com que esse aluno do ensino médio coloque a máscara. Se bem que é tão hipócrita né? Existe uma hipocrisia muito grande neste país porque o vírus vai acabar agora em dezembro, o Carnaval está aí. Então você vai ver se vai ter máscara, acabou o uso de máscara, isolamento, distanciamento. Na teoria é uma coisa, mas na prática é outra”, criticou.
Segundo ela, os alunos estão totalmente abalados e a grande maioria está desprovida de saúde emocional e física. “A desigualdade bate na escola pública e não é de hoje isso. Isso tudo sem a convivência social na escola, a função da escola é social, essas crianças e esse jovens sem essa convivência é obvio que isso ia abalar e volto a falar que eles já deveriam ter voltado às aulas. Na Escola Estadual Narciso na Vila Natal ontem me informaram que tem 3 professores e 2 alunos infectados com a Covid-19, eles estão apavorados. É claro que a gente não vai minimizar a coisa e passar pano e dizer que está tudo bem porque não está tudo bem, mas a gente precisa conviver com determinadas situações na vida porque as perdas são significativas e uma geração toda pode ser prejudicada”, destacou.
A consultora em Educação afirmou que o secretário Rossieli Soares mandou os dirigentes avisarem os diretores para a colocarem faltas injustificadas para os agentes de organização que aderirem à greve do Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo (Afuse) de Mogi das Cruzes, que informou que aderiram ao movimento de paralisação que iniciou ontem (03/11) em todo o Estado. Os agentes de organização escolar das unidades da rede estadual subordinadas à Diretoria Regional de Ensino (DRE) de Mogi das Cruzes e que também abrange Salesópolis e Biritiba Mirim, defendem melhores salários e valorização dos profissionais. “Ele mandou colocar falta injustificada, isso é uma atitude arbitrária. Eu se fosse dirigente não mandaria este recado para os diretores e isso está no grupo dos diretores, eles me falaram. A falta injustificada desconta e você acaba não tendo o cômputo para o bloco de licença prêmio ou para bonificação, então caem todos os benefícios que ele pode vir a receber”, explicou.
Rosania Morales Morroni também fez um balanço de como vão ficar as aulas nos municípios do Alto Tietê. Quer saber mais? Acompanhe a entrevista completa.