Em entrevista para a Rádio Metropolitana, a presidente do Instituto Resiliência Azul, palestrante, ativista e mãe atípica, Diva Batista, compartilhou os desafios que as mães atípicas vem enfrentando para conseguir atendimentos para os filhos com TEA, em Mogi das Cruzes
ESPECIAL: Mães atípicas de Mogi das Cruzes se reúnem em protesto contra o descredenciamento de planos de saúde para atendimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), principalmente a Notredame Intermédica. A concentração aconteceu na tarde de ontem (10/07) e enquanto a mobilização ocorria, a Comissão de Defesa dos Direitos dos Autistas da OAB de Mogi se reuniu com o promotor e com a coordenadora do Procon. Os casos também acabaram em denúncias feitas junto ao Ministério Público. Para explicar os direitos da pessoa autista, o Radar Noticioso recebeu a presidente do Instituto Resiliência Azul, palestrante, ativista e mãe atípica, Diva Batista, que compartilhou os desafios da utilização dos planos de saúde. Ela analisou a estrutura da região em políticas de acessibilidade e inclusão.
A Diva Batista contou que sempre utilizou o atendimento do SUS, mas que durante a pandemia seu filho autista regrediu muito. “Ele teve uma regressão aos 11 meses, ele caiu dando os primeiros passos e ficou com medo. Com essa queda, ele regrediu muito. Ele estava tentando falar, parou de falar. Estava tentando andar, parou de andar. E isso é muito comum no autismo porque você nasce com autismo. Não é uma doença, ela é uma condição que já está lá que a qualquer momento vai se manifestar. E o que eu fiz? Coloquei ele na creche para estar com os pares dele, ele não precisou de adaptação, ele ficou super bem. Só que no último ano da creche ele regrediu absurdamente. Até para segurar um copo de água era difícil e aquilo me matou porque tem toda uma avaliação que no final de cada ciclo você pega para saber como está e eu vi que nas avaliações ele tinha regredido em tudo”, comentou.
Segundo ela, as famílias atípicas querem que os filhos tenham autonomia e que sejam atendidos, que deem continuidade no atendimento em uma clínica que já estejam acostumados. Cerca de 600 famílias atípicas de Mogi fazem acompanhamento pelo convênio médico Notredame e dependem desse atendimento para terem qualidade de vida. “Hoje no Resiliência Azul tem cerca de 600 famílias atípicas não só de Mogi, mas a maioria é. Se a gente for buscar lá atrás, eu sempre usei o serviço público, então tudo que eu conseguia eu transformei em causa. Só que veio a pandemia e o meu filho regrediu absurdamente e quando eu falo absurdamente é de fazer cocô pela casa, pegar e pintar toda a parede, comer compulsivamente porque faltava a escola, faltava a terapia. Não tinha mais a rotina dele, a rotina foi rompida. Nós famílias atípicas já nos privamos de muita coisa, mas uma coisa é você ser proibida e outra é não querer ir. E o que eu fiz? Fiz um convênio. Ou pelo menos tentei nesse primeiro momento porque eles rejeitaram porque o meu filho é autista na primeira tentativa e na primeira plataforma. Só que claro, eles não geraram provas contra ele. A Dona Sumie era avó de autista e ela me falou para não desistir. A gente tentou outra plataforma e conseguimos. Meu filho tem direito ao LOAS para ajudar no tratamento dele, então eu pego esse dinheiro e pago o convênio para ter acesso às terapias e eles exigem que não sejam autistas. Só que a gente tem a lei ao nosso favor porque o autismo não é uma doença pré-existente, ele é uma condição”, enfatizou.
A mãe atípica comentou que teve um aumento de diagnósticos de autismo que encareceu os custos dos tratamentos. “Então essas crianças e adolescentes que estão lá, eles entram por meio de processo. Para eles não é interessante porque além disso tem a parte de tratamentos, por exemplo, o meu filho faz tratamento canábico e é o convênio que custeia e esse tratamento vem da Suíça. Na verdade, não é falta de dinheiro, quem tem filho atípico deixa o convênio em dia para não faltar ou para não correr o risco de cair na carência de novo. Estão fazendo uma clínica para jogar nossos filhos para cortarem os custos. É muito mais uma questão financeira do que qualquer outra coisa. É um descaso absurdo, não dá nem para calcular o tamanho desse retrocesso. A clínica está sendo feita. Nós não sabemos como vai funcionar, se eles têm experiência em cuidar de autistas, como vai ser, se vai ser igual ou superior. A lei nos protege nesse sentido, mas certeza nós não temos. Eles não conversam, não mandaram nenhum e-mail, não houve um contato”, destacou.
Para entrar em contato com o Resiliência Azul mande uma mensagem no WhatsApp: (11) 98068-2686.
Quer saber mais das dificuldades que as mães atípicas estão passando com a Notredame? Acompanhe a entrevista completa.