O engenheiro e diretor do CREA-SP destacou a importância da fiscalização e vistoria periódica para prevenção de situações de risco
ENGENHARIA: Incêndio na região da Rua 25 de Março atinge prédio de 10 andares e após 63h de combate ao fogo, Corpo de Bombeiros teme o desabamento da estrutura, em São Paulo. O fogo começou na noite de domingo (10/07) e foi extinto após extensa ação do Corpo de Bombeiros na manhã de quarta-feira (13/07). Agora sem focos de incêndio, a situação continua preocupante. O prédio ainda corre risco de desabar, o que impede a continuidade do trabalho dos bombeiros no interior do edifício. Quem comentou sobre o caso foi o engenheiro civil, professor universitário e diretor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), Joni Matos.
O especialista destacou a importância da fiscalização e vistoria periódica para prevenção de situações de risco. “As normas para obtenção do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) vão evoluindo. O próprio regramento para obter o AVCB teve um salto muito grande depois do caso da Boate Kiss. As regras ficaram mais detalhadas e exigentes. Em prédio, quando vai obter o AVCB, não pode deixar nada na rota de fuga. Se o bombeiro ver chinelo na rota de fuga, ele já começa a questionar o AVCB. Não é exagero. A própria pressurização da caixa de escada, que é um local de saída durante o incêndio, tem que estar ok. O bombeiro passou a ficar exigente”, destacou.
Joni Matos comentou sobre o caso do incêndio ocorrido na Rua 25 de Março. Segundo ele, o CREA-SP acompanha o caso desde o primeiro momento. Um complicador, de acordo com o engenheiro civil, é a instabilidade estrutural do prédio. Ou seja, a iminência do colapso. “Com 30 metros, quando ele começa a ruir, você não sabe para onde vai cair. Por isso há a necessidade de interditar o perímetro de maneira ampla. O Corpo de Bombeiros elimina o foco de incêndio e depois o foco de incêndio volta. Essa oscilação de temperatura submete a estrutura a esforços que ela não foi projetada a suportar, e o acúmulo disso faz com que o prédio fique em situação instável”, avaliou.
O engenheiro explicou o motivo de um incêndio colocar tanto em risco um prédio, afirmando que o aço da estrutura pode ficar comprometido com as altas temperaturas, prejudicando o material e colocando a estrutura em risco de colapso. “No concreto armado, você tem que garantir que o aço fique envolto no concreto porque o aço fica mais suscetível aos efeitos das altas temperaturas. Quando tem uma estrutura muito antiga, muito desse cobrimento acaba se perdendo por uma série de fatores. O fogo submete a estrutura à uma temperatura muito elevada, comprometendo o aço da estrutura e causando aquelas fissuras, dilatações e rachaduras”, detalhou.
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