O engenheiro civil e diretor do CREA-SP afirmou que faltou acompanhamento das autoridades e planejamento no que definiu como uma “tragédia anunciada”
ENGENHARIA: As chuvas no Estado do Pernambuco deixaram 93 mortos até a noite de ontem (30/05). Boa parte dessas pessoas morava em áreas de risco, e a mesma situação se repete: mais uma vez, as chuvas provocam deslizamentos, quedas de encostas e inundações em áreas onde não deveriam ter casas.
De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 8,2 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco. Essa estimativa é baseada no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010. A previsão é de que o número seja atualizado neste ano, e pode ter sofrido drásticos aumentos em razão da pandemia. Em 825 municípios no Brasil, são 27.660 áreas de risco. Conforme aponta o Cemaden, a maioria localizada no Sul, Sudeste e Nordeste, onde o relevo é mais acidentado e tende a propiciar riscos mais frequentes de inundações, deslizamentos e outros.
Em entrevista especial, o engenheiro civil, professor universitário e diretor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP), Joni Matos, avaliou a situação ocorrida em Pernambuco, explicou como são definidas as áreas de risco e destacou o que poderia ser feito para evitar mais uma tragédia nessas áreas. “Esse absurdo que aconteceu em Pernambuco é uma tragédia anunciada. Entra e sai ano, entra período de chuva e sai período de chuva, os fatos vão se repetindo. A engenharia tem um caráter preventivo e os gestores públicos precisam adotar medidas preventivas”, destacou.
Ele afirmou que, neste caso específico de contenção de encostas, dois pontos devem ser observados pelos governantes: a engenharia e o caráter social. “Deve ser feito um mapeamento de todas as famílias que se fixaram nesses locais, (definir) o perfil dessas famílias e o local para destiná-las. Além disso, devem ser feitos projetos de engenharia que contenham essas encostas. Isso é fundamental. O polo de engenharia inclui a necessidade de mapeamento e o polo social é para alocar essas famílias, para que elas tenham condições mínimas de sobrevivência e para interagir com a sociedade”, comentou.
Para ele, mais uma vez, a falta de atenção por parte dos governantes foi determinante para que a tragédia acontecesse. “Falta planejamento urbano e acompanhamento das autoridades, para que as pessoas não se fixem nesses locais”, enfatizou.
Quer saber mais sobre a análise do diretor do CREA-SP? Acompanhe a entrevista completa.