Enquanto entre os idosos os números tendem a se estabilizar, salto de internações entre os mais jovens foi de 59% em nove anos no Brasil
Dados do Ministério da Saúde indicam que entre 2010 e 2019 houve um aumento de cerca de 59% nas internações de pessoas de até 39 anos por infarto e de 9% nas mortes. Nos Estados Unidos, um estudo revelou que, na última década, a proporção de pessoas com menos de 40 anos que sofreram um ataque cardíaco aumentou 2% ao ano. O médico cardiologista e membro da Sociedade Paulista de Cardiologia, Dr. Paulo Saraiva, explicou que as taxas mostram que a idade de 40 anos para os pacientes ficarem atentos para fazer check-up anual por causa do risco de infarto vem diminuindo consideravelmente. “Esse perfil de paciente vem mudando, o que está mostrando cada vez mais que os pacientes têm ficado mais jovens e a taxa nestes pacientes mais jovens abaixo dos 40 anos é maior do que os dos pacientes mais velhos”, enfatizou.
O Dr. Paulo Saraiva explicou o porquê as taxas de óbitos de pacientes mais jovens vem crescendo. “Os estudos antigos mostravam que os pacientes mais velhos tinham uma circulação colateral, é como se tivessem ruas paralelas no coração, a artéria principal fechou mas ele conseguia suprir aquela área do coração fazendo com que não tivesse a morte súbita. Nos pacientes mais jovens a taxa de circulação colateral é menor, por isso que às vezes o paciente vem a óbito”, ressaltou.
A principal causa desse ataque cardíaco é a aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de gordura, colesterol e outras substâncias no vaso sanguíneo. Com o passar do tempo pode haver entupimento da artéria e interrupção do fluxo sanguíneo para o coração, o que leva ao infarto. A área do músculo cardíaco que deixou de ser irrigada perde sua funcionalidade, prejudicando a capacidade de bombeamento do sangue pelo coração para o resto do corpo. Os fatores de risco são diabetes, obesidade, hipertensão, tabagismo e dislipidemia. Em relação a eles, os números traçam um panorama preocupante.
Dados da última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) indicam que mais da metade da população brasileira está acima do peso e 19,8% estão obesos. É o maior índice de obesidade nos últimos treze anos, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo período, houve um aumento de 40% no total de adultos diabéticos no país. Em 2006, eram 5,5%; em 2018, subiu para 7,7%.
O cardiologista contou que hoje em dia os médicos estão solicitando que os pacientes já comecem uma rotina cardiológica a partir dos 20 anos, ou seja, é necessário que pelo menos uma vez ao ano o paciente faça no mínimo um eletrocardiograma, um hemograma completo e a bioquímica para ver as taxas de diabetes e colesterol no sangue.
Segundo o Dr. Paulo Saraiva, essa medida se tornou necessária, pois os agravos do coração já começam desde a infância. Uma criança que foi obesa na primeira infância, dos 8 aos 10 anos, por exemplo, já começa a ter a formação de placas de gordura no organismo. Por isso a Sociedade Brasileira de Cardiologia vem pedindo para que os pacientes comecem uma rotina cardiológica cada vez mais cedo. É extremamente necessário que as pessoas façam atividades físicas e que mantenham uma alimentação adequada.
Quer saber mais dicas para manter o seu coração saudável? Acompanhe a entrevista completa.