A médica endocrinologista, Dra. Paula Kapri, contou que percebeu que seus filhos gêmeos, Gabriel e Joaquim, eram crianças com Transtorno do Espectro Autista quando eles tinham 1 ano e 3 meses.
MÊS DA MULHER: Acompanhe a entrevista especial com a médica endocrinologista e mãe atípica de gêmeos, Dra. Paula Kapri. Uma das homenageadas na série inspiradora do Mês da Mulher, ela contou os desafios de conciliar a carreira, o trabalho voluntário como coordenadora do Instituto Lagarta Vira Pupa e a maternidade atípica.
No Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem a existência de dois milhões de autistas, mas a estimativa é considerada desatualizada. Mundialmente, um levantamento recente do Center for Disease Control and Prevention dos EUA mostrou que, se nos anos 1970 o número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) estava na faixa de 1 para cada 10 mil crianças. Em 1995 já havia pulado para 1 em cada mil e continuou crescendo aceleradamente, até chegar a 1 a cada 44 nascidos, segundo relatório de 2022.
“Desde muito pequena eu queria ser médica, desde o 8º ano eu já estava me preparando para o vestibular porque era um sonho mesmo. Eu não me vejo fazendo outra coisa. A gestação do Gabriel e do Joaquim foi planejada, mas quando eu descobri que eles eram gêmeos eu tomei um susto gigantesco porque eu não descobri no primeira ultrassom. Descobri apenas no segundo ultrassom e eu paralisei. Eu pensei ‘eu não tenho certeza se eu vou dar conta de ser mãe de uma criança, que dirá de duas’. Eu tive uma gestação muito tranquila, não passei mal e nem enjoei. Trabalhei até quase ter os meninos e tive parto normal que era meu maior sonho”, comentou.
A médica contou que descobriu que os seus filhos tinham o Transtorno do Espectro Autista quando eles tinham 1 ano e 6 meses. “Com 1 ano e 3 meses eu comecei a notar algumas coisas e não teve nenhuma relação com a medicina. Foi uma relação de mãe observando, eu tive algumas amigas que tiveram filhos muito próximas e eu fui percebendo que com 1 ano e 3 meses que eles não faziam algumas coisas. Não davam tchau, não mandavam beijo, não ficavam balbuciando, não apontavam, eu entrar e sair de casa era indiferente. Eles sempre estavam muito tranquilos, não brincavam com os objetos como as outras crianças, eles eram tão quietos que dava até aflição porque podia deixar eles em frente a televisão por horas que eles não iriam reclamar”, comentou.
A médica ressaltou que sentiu alivio quando os filhos foram diagnosticados porque sempre invalidavam o que ela falava e sentia. “Teve um dia que eu dei um start e comecei a pesquisar, foi aí que eu tive certeza que os meus filhos eram autistas. O problema foi que ninguém ouviu a mãe Paula, eu comentei com ex-marido, comentava com a minha mãe, com as amigas e todo mundo falava que eu estava louca. Que eu estava procurando problema e que eu vivo na internet. E isso foi me angustiando muito porque eu não era validada. Inclusive por profissionais. Depois de três meses eu marquei um psiquiatra infantil e o caso deles era muito clássico. Não era um caso que ficava em dúvida, eles preenchiam todos os critérios e checklists que avaliava e eles sempre pontuavam no máximo. O psiquiatra conseguiu fechar o diagnóstico com 1 ano e 6 meses. Quando ele deu o laudo para mim foi um alívio porque eu me senti validada. Difícil foi esses 3 meses de angústias porque eu tinha certeza que eles tinham, ninguém me ouvia e, ao mesmo tempo, eu ficava achando que estava louca”, destacou.
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