Servidores públicos da Prefeitura de Mogi das Cruzes que estão em estado de greve por melhores condições de trabalho e reajustes se mobilizaram durante sessão ordinária na Câmara Municipal na tarde de ontem (13/03). Após a mobilização, servidores ligados ao Sindicato dos Trabalhadores da Administração Municipal de Mogi das Cruzes e Guararema (SINTAP) se reuniram para buscar soluções para o impasse junto à administração municipal.
Em entrevista cedida a Rádio Metropolitana, o presidente do SINTAP, Paulo Ricardo Alves Ramalho, mais conhecido como Paulinho, explicou como foi a reunião com o prefeito Caio Cunha. “A reunião durou mais de duas horas, na verdade, eu acho que foi só uma manobra da administração para tirar os representantes, no caso o Sindicato e a comissão eleita da reunião com os vereadores porque o prefeito não apresentou nada de novo. Simplesmente continuou firme no posicionamento de que não é possível, exaltou o trabalho feito ao longo dos seus três anos e meio junto aos servidores e a gente reconhece o trabalho feito, porém há muito a se fazer. A cidade cresce a cada dia mais, Mogi virou um canteiro de obras, falta muita mão de obra e a gente continua pedindo a valorização do trabalho que o servidor faz. (…) E queremos ser valorizados, só o índice de 3,15% perante toda a inflação, aumento do plano de saúde, aluguel e tudo mais, nós continuamos batendo para ele: ‘prefeito, a gente tem um ato amanhã (hoje, 14/03) e você tem até lá para apresentar algo de novo’ e ele vai pagar para ver, né? Então, a gente aguarda que ele mude a postura, mas eu acho difícil. Faltam condições de trabalho, equipamentos, os servidores estão ficando doentes”, afirmou.
Segundo o presidente, o SINTAP obteve documentos do Tribunal de Contas que comprovam que a folha de pagamento dos servidores é de apenas 33%. “Contra números, não tem o que falar. São documentos que nós conseguimos no site do Tribunal de Contas que comprovam que a Prefeitura tem gastos com a mão de obra e com o servidor público. Ela tem uma folha super enxuta, gasta 33%. A gente não quer onerar os cofres, a gente não quer que o prefeito pare suas políticas públicas, mas quem está na linha de frente é os servidores”, frisou.
Nas redes sociais, o prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (PODE) divulgou um vídeo rebatendo as acusações de membros do SINTAP. “Nem mal acabou a reunião que eu tive aqui no gabinete e já deturparam tudo que eu falei a ponto de afirmar que eu xinguei os servidores. Nós tivemos uma reunião de quase duas horas com alguns servidores e com membros da diretoria do Sindicato dos Servidores. A ideia era discutir algumas reivindicações que eles trouxeram para esse ano e reivindicações justas, reivindicações que valorizam ainda mais o servidor. Nesses últimos três anos enquanto prefeito, graças a Deus, nós tivemos um bom diálogo com o Sindicato, ao ponto de eles mesmos afirmarem que a nossa gestão foi muito positiva para os servidores. Em várias ações que nós fizemos foi pleito dos servidores, como, por exemplo, abonada, o reenquadramento do plano de saúde, dois anos consecutivos de aumento real no salário dos servidores, aumento do vale-alimentação e a ampliação dos servidores que recebem esse vale-alimentação. Diversos reenquadramentos, inclusive até a cesta de Natal. Todos esses benefícios somam aproximadamente R$35 milhões por ano, em benefícios para o servidor. Eu sei que ainda tem muita coisa para melhorar, afinal de contas nós conseguimos corrigir injustiças históricas, mas têm diversas coisas ainda que a gente pode fazer para melhorar a vida e o trabalho dos nossos servidores”, começou a falar no vídeo.
Segundo o prefeito, é preciso pensar com responsabilidade e coerência. “A questão é que a gente precisa ter responsabilidade, o pleito que eles apresentam para esse ano, lembrando que desde o começo deste mandato, a gente tem trabalhado intensamente para colocar economia na nossa cidade. Hoje, Mogi das Cruzes paga 100 milhões de reais por ano dos 29 empréstimos das gestões anteriores. Uma carga muito grande e ainda assim, nós encontramos espaço para registrar e apresentar benefícios aos nossos servidores. Em um dado momento, eu tive que subir o tom, mas sem ofender ninguém. Uma determinada servidora disse que o pleito que estavam apresentando também tinha uma carga política, inclusive ela se posicionou como candidata, uma carga política de um ano eleitoral. O que seria da minha imagem se os servidores entrassem de fato em greve? Se eu quisesse me eleger, eu deveria atender aqueles pedidos para não desgastar a minha imagem. E o que eu disse foi “que eu fui eleito em 2020 para ser prefeito e não para ser candidato”. Ser prefeito exige tomadas de decisão com responsabilidade, com coerência, com integridade. Independente da próxima eleição. Então, nas minhas palavras, eu disse que eu pouco me importo com a minha reputação, eu pouco me importo se isso vai atrapalhar ou não o novo processo de reeleição. Esse é o meu compromisso enquanto prefeito e é isso que a gente está fazendo aqui em Mogi das Cruzes. A gente acredita que para uma Mogi melhor tem que ter coerência, tem que ter responsabilidade. Afinal de contas, da onde que eu ia tirar dinheiro para encaixar esses pleitos de R$133 milhões? Eu tiro da saúde? Eu tiro da educação? Eu tiro da segurança? Eu tiro da onde? A nossa proposta foi, cumprimos a lei e colocamos um reajuste de 3.15% conforme diz a inflação para os salários dos servidores e montássemos uma comissão para discutir o que nós poderíamos fazer com esses pleitos que eles apresentaram. Se vai ficar para esse ano ou se vai ficar para o ano que vem, ou até para os próximos anos. Alguma coisa tinha que sair. O que não dá para fazer é assumir um compromisso que não se pode cumprir ou então, assumir compromissos que prejudiquem a nossa cidade”, relatou o prefeito.
A manifestação vai acontecer hoje (14/03) a partir das 16h na frente da sede da Prefeitura de Mogi das Cruzes.
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